terça-feira, 28 de maio de 2013

Diário de Outono - "Eu Preciso Dizer Que Te Amo - II" - Humberto Fonseca


 Ao amor, menestrel de sentimentos, avalanche de sonhos, sossego de corações, palco de apresentações internas, dono de um terreno que você desconhece que existe dentro de você, força imaterial, intelectual, física, química, e matemática sem razão, equação, somando tudo sem distribuir, só querendo somar, ajuntar, criar uma avalanche no ser humano capaz de roubá-lo de sua vivência normal.

 Ao amor, eu diria que "Eu Preciso Dizer Que Te Amo" umas milhões de vezes, a música que corre dentro de mim é forte, pesada, golpea-me sem confundir, não erra um soco, uma voadora, uma rasteira, por ser mais altivo que eu, que meus desejos, por influênciar todos meus sentdos sem correção...

 Ao amor, e seus segredos incomuns, eu digo tudo, sem medo, pois nunca senti medo do amor, mas medo do amor que sinto, e quem não sente? Quem segura essa tempestade de copo d'água devastando tudo que é comporta que constrímos com o tempo... É bom não sentir-se confuso, ter a pureza, a inocência, (só os inocentes podem amar), só os puros podem sentí-lo, só os que desejam se conhecer, pertencer,perceber, e mudar podem tê-lo perto de si.

 Ao amor, não há fingimento, ele não passa pano, não passa tempo, não existe tempo para o amor, o amor além de universal, fenômeno social, e improbabilidade real, é um sonho abstrato mais filosóficos que toda filosofia que já tentou explicá-lo.

 Ao amor, eu sou o que sou, e o que meu amor quer de mim. Pois se amo, mudo, desdenho minhas fissuras, emprego meu ser na composição, esqueço simplesmente os detalhes, em tudo me desdobro para fazer a composição, meu amor é dela, e dela devo ser o amor.

 Fragmentos, teatro emocional, poesia condensada que se rasga pelos ares, mudando toda evaporação dos fluídos, jorrando naturalidade, no côncavo da alma, onde não chego perto, impossível tocar, mas que não se sabe como e porque existe, incubou-se, incubiu-me de modificar meus passos, travou as pernas, a voz, o que mais tenho de corpo, só a mente respirava, e a mente falava...

 Sabe quando te roubam...
 _ Já te roubaram?

 É terrível, temível, frieza de espírito que só o tempo faz reacender sobre as friezas, é aquele tombo que se toma todos os dias, e levanta-se não sei como, sem imaginar de onde vem as forças, onde o tempo te carrega facilmente para novelas sem fim, em caos de um caso interior interminável.

 Teu olhar, vago, silencioso, o sorriso de maravilhas sem fim, dessa última vez que te vi, lembra-me quando eternizo um momento tu no meu poema "Um Silvo No Silêncio":
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Praia do Rosa - Imbituba - SC
(Minha flora emanada de sutilezas, brilho, solução de compaixão, "os pecados da vida, no vermelho de teus lábios", olhos laboriosos, adocicados, sulcos glúteos ambivalentes, tamanho não é documento e postura uma alternativa. Vivências se escondem por trás, pela frente, das ondas, por qualquer cantinho indefinido, vozes esquecidas no murmurejar bravio. Ganância de paz, é espetáculo de sobrevivência.

A poesia me ouve. Houve. Ouvi. Faz caminhar palavras, que deixo na cruz, da vida e do esquecimento, pois enquanto carrego a minha não lamento, rio e toco piano para as catástrofes... Pensamentos no momento é o que preciso, estar à viver, e não vivendo o que outros vivem, vivificam, simplificam em seus bolinhos, panelas, cuias, cuícas, é fácil fazer fandango onde o escuro é claro e o samba medonho, numa pipoqueira que vai deixando tanto torreio... Mesmo assim, sem indiferença nenhuma, estou sempre amando meu tempo.)

_ Sou vida, poesia viva. Amante heterogêneo da neutralidade caótica.

A solidão só faz medo aqueles que desconhecem pessoas.

Azul ou verde?

Simples rosa,

As cores do teu biquini,

Combina com teus olhos.

Pra mim ver,

Te cantar,

Para mim.
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 Que as saudades,
 De tantas auroras,
 Nessas outroras,
 Espatifem-se no tempo.

 Meu turno,
 Dedico-te,
 Ao amor,
 Por essas e muitas outras,
 Reviravoltas escondidas,
 Que te amo tanto.

 Humberto Fonseca

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Poesia: "Facada" - Humberto Fonseca



Facada

Tempo fosse...
Fosse me levando sem apresentar,
Com beiras do que não é estrada,
Fez-me rodar, círculos voltantes,
Quero enquadrar-te...

A luz que não me aquece, reluz,
Brilha para um novo ensaio,
Aglutinando-me bolhas palavriadas,
Gloriando o homem fraco...

Meu bem,
Meu-seu-em-vai-e-vem.

Como dizer isso,
Sem querer não me afogar,
Jogar-me logo nestas tuas correntezas,
Que parece mansas,
Mas se do contrário fosse não pularia.

Desejo escrever o tamanho do mundo,
Para deporta você em minha casa,
Declarar em juízo,
Confessar tudo-todo-de-meu...

Corpo cansado,
Que anda a fora em busca,
De um palacete,
Amarelo, cor de ouro...

Só para por em teus dedos,
Em desejar veementemente,
Fervoroso, recíproco,
Sem temor ao queimar...

Onde oceanos encontram-se,
Calam ao encontro,
E deixam as águas rolarem...

Tens a frente um coração virtuoso,
Não tão puro quanto o da criança,
Mas posso dar-te um lugar para que brinque.

Eu escrevo,
Faço viagens,
Te pego em meus braços...
(Adormeço levemente),
Só de pensar em um dia visitar tua sala.

De ter conversas,
Te dizer tantos versos,
Descarregar milhares de idéias,
Nossas que não disse...

O quanto tem feito por mim,
Esse pouco me deixa estático,
Em repouso,
Buscando colidir mais cedo,
Tarde não...

Tudo é tão novo,
Infatigável,
Presunçoso...

Sorrir não é bom,
Com tanta distância,
Em meio de tudo e o nada,
No começo intocável.

Como polpa,
Cheia, carnuda,
Sempre incessante,
Assíduo...

Só tens qualidades,
Desta boca p'ra fora,
Peito p'ra dentro,
Quero sempre poder dizer assim,
O tamanho do meu querer...

Ei-de fazer errar o exato,
Ele não conhece a ti,
Se fosse em teu encontro,
Perderia os cálculos.

A sobra de mim é muito,
Faz apenas o domar.

Deixe o homem feito bobalhão,
Ele precisa de um feito novo,
Cair no desaguar...

De teu lido,
Quem sabe um erudito,
Escritor dor dizer.

Compreende o pequeno,
Visitante de lagunas,
Ao imergir a sua busca...

Todo desmedido,
Em fundamento,
Sob teu teto,
O teu gosto,
Fora do meu paladar,
Faz me querer...

Rodante,
Buscando retroceder,
Esse meu falante silêncio.

Resbucando os trapos,
Um racional em desdém,
Trajando vestiários passados,
Querendo novas roupas para o futuro.

Sendo profeta,
Com uma alma sem gêmia,
Desgarrado,
Quero dormir,
Apoderando-se do teu corpo.

Olha a espécie,
Tresmalhado,
Ferruginosa,
Em finca-pé,
De aço torto.

Rijamente me prego,
Nesses adjetvos,
Totalmente calinoso,
Estimado em realismo,
Da vida que descobre-se...

Que ao novo dia,
Sua intimidade vem,
Acalenta minha pele,
Calça meus pés,
Dita o superficial,
Minúcia que fala...

Depois em crescimento,
Gira toda iminente,
Minhas garras faladas,
Querendo te pegar,
Na séria virtude,
Corrente agora,
Joga-se querendo um passeio.

A tortura ocupa,
Sem maus-tratos,
Tendo meu sinonimizar,
Em notas caladas.

No ouvir,
De ouvires,
Alma'dentre vida.

Minha botoeira,
Vestida em risos,
Solando conviver.

Querer sem abster-se,
Difusão de um abraço,
Ficar dias e horas,
No bico de teu seio.

Quando beijar,
Irei me perder,
Encontrando a fome,
Matando-a para repitir...

O gesto... É gosto...
De ser crucial.

Em todo esse meu abstrato,
O colorido enfada-se,
Se mistura em abreviado romantismo.

Sem ser ufano,
Amortecido,
Contra e revirado,
Em seu nome.

Olha que chega,
Chega ser nocivo,
Mas revigora,
Buscando ser,
Indolente nunca.

Ler em voz,
Declarar a mistura,
Saltar as parábulas,
Exprimir...

Sem variar,
É viveza,
Importância,
Amoleto mental.

O original,
De outras origens,
Curador solvei.

Quando a vida pega outra existência,
E um dia faz-se arrastar,
O peso encontrou seu pêndulo,
A seriedade limita-se,
Gravando feitos...

Disfunções,
Coágulos,
Mente turva,
Em grados,
Na importância,
Do valor de uma mulher.

Afligir a chaga,
Ser taludo,
Desembocado,
A mercê,
Despedaçar,
Estando fora do grau,
Do pressentimento.

Daqueles que não quero ir embora,
Indultar a pessoa que prostra,
Em compaixão de ter próximo,
Os esquecidos por ventura,
Deixados sob confusões,
Nos calos apertados do dias,
Soltar meus passos,
Descançar minhas pernas,
Soltar meus passos,
Descançar o meu sufoco.

Deita e esquece-te,
A paz te chama,
O sono calibra,
Minha deitada solidão.

Corra pelo vento,
Suma deste solo...

Dê-me o trabalho,
Compartilhe sua missão,
Faça de mim instrumento,
Use sem que me descanse,
A fadiga é...

Causada por estar daqui,
Pensando em como ir,
Se fico ou puxo meu carro...

Em alguns milhões,
De estrelas,
Em várias estrófes,
Deixo todo meu afeto,
E calo o pecado...

Quero trabalho,
Começar um novo feito,
Masterizar esse som novo,
Atribuir aos meus instrumentos,
Esses teus toques.

Compara,
Quebra-me,
Refaz-te em mim,
Genuínamente,
"Dona das Folhas".

Como sagrar,
Sob erros que me calam,
Aos acertos que me comprometem,
A magia sem mágica,
Que não vem de truques.

Toma o vosso lugar,
Sinta-se bem,
Com todo o meu melhor.

Ofereço,
Dou, e farei ainda mais,
É o querer que me leva...

Sabes todo o valor,
E que as moedas estão juntas,
Essas não tem cara,
Sem que existam coroas,
É nossa pele no frio,
Entre bolsos vázios,
Sobre um desejo valioso.

Amizade contudente,
Besteiras que nos unem,
Verdades que batemos,
Reclamações para o bem,
Você me comporta,
E toma sem ter receio,
Por saber que é existente.

Toda longitude,
Várias noites em caladas,
O vento que espera,
A esperança das novas causas...

Cai na minha armadilha,
E despreocupe-se,
Só quero o que é meu,
Mas está com você.

"Se algemou teu coração",
Tenho que prender minha vida,
Libertar-te para que sejas livre,
Finalmente ao meu lado.

Eu sofro com tudo isso,
Pode ser amor?
Dizem que ele doe...

Mas tem poder de unir,
Acabar coisas velhas,
Varrer a estrada suja,
E guarda-se em silêncio...

Disseram-me que o amor é bom,
Alivia a alma,
Cura a mente,
Transmite segredo,
Quando olha pra gente.

Místerios cruzantes,
Saudade que se passa,
Seriedade calada,
Aviso falante,
Entre ligações,
Nos turbilhos de versos.

Minha vida,
E um coração louco,
Desfecha...

Sem armas,
Minucioso,
Obdiente.

Vivente,
Entre as pedreiras,
Quebrado,
De implosões,
Marcado pelo fenômeno.

Em reflexão,
Penitencia,
O seu labor,
Fica quite.

Pensando nela,
Em mim,
Sobre nós.

Cala-se,
Aquieta-se,
Ficando feliz...

Faz provocar,
Como feito,
Em ascensão.

Folhas limpas,
Dedos sujos,
Sentimentos puros,
A pena não risca,
É tudo muito valioso,
Quero apreciar...

Se for em dias ou noites,
Quero lentamente,
Construir a vida.

Pobre menino,
Sonhador e dorminhoco,
Sem temperamento,
Afinado nos verbos...

Em inspiração,
Denotativo,
Comissionado...

Filho humilde,
Rapaz pequeno,
Homem grande,
Velho em seus compromissos...

Tomo a verdade,
Bebo-a em cálice,
Gota-a-gota,
Em arrabaldes...

É sua,
A rua,
O falar,
Em sentir,
Politizar o peri-latim.

Mordisco,
Meu crime,
No feito do uivo.

Selvagem,
Vivente em relva,
Mamanga, lava-pratos.

Assim espira,
A espada,
Quebrando a cruz...

Crivado em facho,
A base da composição,
Sou resoluto de voz.

Todas as pedras,
Jogo escondido,
Sou o fautor,
Em fato próprio,
Agito a festa,
Digo os meus barulhos.

Solta-te,
Desgarra para mim,
Virtuosa...

Um contato,
Entre dois universos,
Dentro deste mundo...

Pede a mim,
Sem rogar,
Por toda minha,
Cumplicidade esteriotipa.

A carne,
Em volúpia,
Quer o deleite...

Em vida tranquila,
O sossego uniforme,
A paz casual,
Do poema feito,
Em lábios sedentos...

Ausência,
Calor,
Sede,
Afeição,
Idílio,
Cobiça,
Intuíto,
Anseio,
Dor.

Coragem,
Graça,
Índole.

Deleita,
Aprazível,
Moça,
Calar,
Ver,
Tocar.

Solúvel,
Haste,
Letras,
Passos.

Búrburinhos,
No meu ouvido,
Feito dos dizeres,
Olhares cego,
Que tu saberes...

Da minha força,
Em teu impacto,
Olhar de cima abaixo,
E contiver.

Modero as falas,
Um dia nesses ouvidos,
Que não te falei ainda,
Onde a saudade habita,
Por querer ouvir-te...

Sabes,
Como vivo compactado,
Em erosão lenta,
Ainda calmo na tensidão...
Procuro ver,
Sem que caia,
Ou deixe a bola murcha.

A ilusão,
Não é presente na minha vida,
Confio em tudo que sinto,
Na seca ou fartura,
Mesmo que o coração,
Tome uma facada.



Humberto Fonseca

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Poesia: "Separados" - Humberto Fonseca

Distinta sensação,
Ação, contexto,
Palavras mais que ao vento,
Ao sineto...

Verso o trocadilho,
De uma passagem,
Que por toda vida,
Parece estar fechada.

Estátuas, esquadros, espaços,
Curvas, cinética, compulsão,
Versos, verbetes, valores.

Marolas, maremotos, de marés,
Bebo, batalhas, bicando,
Rupturas, raptadas, relvando.

Esculpo teu corpo na minha mente, resta-me algumas formas ainda. Resta-me uma sobra infinita do que não sei, e do pouco que sei, mas se soubesse, não esqueceria jamais. Pois conhecer-te, nem pode ser mais chamado de vontade, é sonho, de um dia, uma tarde, uma noite, de verão. Mas este já se fora, faz meses, e tu pareces que também, partisse entre meus saltimbancos momentos, tudo está desconexo, as energias esvaecendo, o corpo antes mudo-falante, agora mudo, e o silêncio não comporta minhas energias, explodem, pipocam, retornam o poderio de lutar contra si mesmo para vender ninguém.

Tempos modernos, difíceis, conjugados em marcas sem fim, um amargo salubrificado, emoções neutras, um compasso parado, cheio de oportunos sentimentos, que me faz perguntar e rever; onde está minha essência?  O pedaço de tu'alma.


Humberto Fonseca

domingo, 12 de maio de 2013

Diário de Outono - Poesia: "Eu Preciso Dizer Que Te Amo"


 Olá querido leitor, (a),
 Mais uns longos dias sem postar por aqui, impossível conciliar a vida de operário e poeta, o dever manda mais que a escrita... Seguimos porém a fio na produção, sentindo mais causando, e causando muito menos em todos os sentidos.
 Devido ao grande número de amigos que acompanharam o "Diário de Verão", um misto de poesia com músicas que compus entre novembro e março, resolvi fazer mais uma série, "Diário de Outono"...

 Segue abaixo um dos poemas que vem sendo produzido, sentido, divagando nesse meu espírito solúvel e apaixonado, imagino que está série esteja mais seca, enquanto a outro buscava mais água, apaziguar o calor, essa vem para tonificar as outras passagens, deixar impregnada os fragmentos, e fazer com que o instinto natural, esteja impresso no texto.

 Uma boa leitura, até a próxima, e se tiverem coragem, comentem, divulguem, explanem pensamentos.

 Beijos e Abraços!

 Humberto Fonseca
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Foto: "Correr N'água"
Humberto Fonseca


"Eu Preciso Dizer Que Te Amo"

 A lágrima toca-me a alma. Quanta saudade, quanta profundidade.
 Fui ao mar, correr, respirar, suar,transpirar a sensibilidade que escondo na barba ainda curta. Meu peito afagava tantas lembranças, dessas pequenas da vida, que só os verdadeiros amantes sentem, onde o amor oculta uma calma tensa, um incomum meu, teu, seria nosso?
 _ Não sei, não te conheço!

 Isso desespera-me! Sem dor, mas no sufoco interminável, meses abafando um grito que quase chega a me endoidecer, "será que o amor é isso? será que o amor é assim?", depois de dividir-te ao meio, te parte... (Es uma beleza de meu ser), demarcada por um vale, impassível, irresoluto, próximo e longínquo, do qual percorro procurando sua menor escala, mas a cada momento alarga-se, perco-me em caminhos de areias parecendo espinho, pois a dor é no coração, o grito na alma, e uma solidão que vou guardando sem saber onde, como, porquê suportar... "Os poetas adoram uma tragédia", elas são um amor natural. A paixão nos dá uma força que até os aparentemente abatidos suportam um pouco mais.

 Saudade, sensibilidade, (chocolate), tantos meses assim, (_ dai-me mais uma barra), comportando essa chama, esses luares, ganhando dos céus estrelas, cadentes em meu ser, pedindo meus desejos rapidamente e fervorosas, riscando a noite azul, sonhando e dormindo acordado, confinando herdades laboriosas, trabalhoso, difícil, que custa muito esforço, é como se fosse um sofrimento, mas é amor.
 _ Meu coração pode estar me confundindo, enganando, mas até ver teus olhos não conseguirei esquecer-te. Aparece-me amor meu, não debandas pelo mundo, pelos vales, pelos mares...

 O mar gelado, calmo, sem ti me chama, ao mergulho para afogar está "coisa que acontece no meu coração", como será o teu? O que sentes... Será que algo palpita aí dentro... Nossa, que silêncio terrível, eu não sei até quando eu vou aguentar, eu não sei até quando vou conseguir, quero manter vivo o desejo de viver, quero viver esse desejo, mas também quero recuperar todos meus sentidos, aliviar a mente e o corpo, restaurar minha paz espiritual, pois meu intelecto unca esteve tão neutro e capaz de simplificar minhas sensações. Esse coração sem cruzar a Ipiranga com a São João, descalço nas areias do Rosa, sem calção, no deserto pós verão, só de cueca, pernas n'água e ar livre, vontade de banhar-se nu, sentir-se índio, tomado de líbido natural, num dos poucos momentos calmo desse meu dia.

 Poesia, minha Aramaica saudade-de-outono, quando ei-de-ver-te, novamente, tu vences de todos os lados e não sinto-me perdedor, orgulhoso, tampouco com inveja, pelo contrário, é um prazer saber que vences, que não deves,que podes e deves de ir para onde queres, que lutas, vivendo lindamente com sua postura, coragem, atitude, garra que sinto em teu olhar, poder que vejo e sinto em distância neste teu corpo.

 _ Tombas meu pequeno mundo e grande universo com teu simples toque.

 Fazes em mim o viver, com um tom agudo, pesado, leve, pois Deus não dá um fardo do qual não possamos carregar, perdoe-me a indiferença, mas nunca serás "fardo", peso, exemplo de carga, é que o poeta já não consegue encontrar linguagem além de termos.

 A paixão, o amor,, gostar realmente de uma pessoa, ainda mais quando a mesma não te conhece, só te deu uns olhares, transcorrendo no além do índico do atlântico, navegando minha alma de um amor que não sei mais o que é, sua validade, tempo, determinação, seu até quando, se a cada dia mais a amo.

Humberto Fonseca