domingo, 7 de abril de 2013

Poesia: Um Silvo no Silêncio - Humberto Fonseca

Praia do Rosa
Foto: Humberto Fonseca

 Tarde, porém cedo. Para viveres como e onde queres. Já o fazes a tanto tempo, sabendo o sem saber.

 Minha flora emanada de sutilezas, brilho, solução de compaixão, "os pecados da vida, no vermelho de teus lábios", olhos laboriosos, adocicados, sulcos glúteos ambivalentes, tamanho não é documento e postura uma alternativa. Vivências se escondem por trás, pela frente, das ondas, por qualquer cantinho indefinido, vozes esquecidas no murmurejar bravio. Ganância de paz, é espetáculo de sobrevivência.

 A poesia me ouve. Houve. Ouvi. Faz caminhar palavras, que deixo na cruz, da vida e do esquecimento, pois enquanto carrego a minha não lamento, rio e toco piano para as catástrofes... Pensamentos no momento é o que preciso, estar à viver, e não vivendo o que outros vivem, vivificam, simplificam em seus bolinhos, panelas, cuias, cuícas, é fácil fazer fandango onde o escuro é claro e o samba medonho, numa pipoqueira que vai deixando tanto torreio... Mesmo assim, sem indiferença nenhuma, estou sempre amando meu tempo.

 Seria bom se tudo fosse bonito? Mas o mundo é desigual, incoerente, só temos aqui perfeitamente, os animais e natureza.

 O homem continua nadando sem saber a profundidade, firmando-se em escuros e águas profundamente desconhecidas, mutável vivente do nível raso, sagaz de absolutismo, desprezando as suas próprias maravilhas para defender teorias de objetos.

 É fim de tarde, dia, e começo de tudo. Como saber o próximo dia sem cuidar do segundo adiante? Não sejas ansioso por coisa alguma... Toda calmaria tem seu fim meu caro.

 Sou a poesia viva no estado incerto, apenas ser, faz-me mais que bem. Meus filtros coam as sensações, o sensacionalismo, manchetes que peneiram na razão superior, "apesar de saber que a razão não tem razão", o que é errado ou certo pra mim; pode ser nada pra você. Um minimalismo idólatra, trancafiando ao imaginar, que uma pobre mente de estilo rico pode apoderar-se de mentes libertas.

 Sou poesia viva, que não precisa intimar a beleza. Faço o sujo luzir, tilintar cores, brilho, impacto visual, mesmo estando cego. Prefiro isolar-me, "sem depressão nenhuma", para saber quem sou, verdadeiramente, do que me expor sem ter ideia  de que, onde, com quem, e porque estaria me iludindo com o exibicionismo... Sem essa de com ou quais motivos para se pertencer ao meio do esmo.

 Ainda estou intacto a este estado desgraço a que a humanidade vem ouvindo em seus espíritos e corações, sobrevivência intelectual que me parece do pós fim do mundo, perdi a minha malícia vivenciada nos grandes centros urbanos, já vos disse; (sou poesia viva), "mata um escritor, porque poeta é sangue ruim", sendo áspero vivencio a sensibilidade.

 Não sou dependente da beleza... "Escutou bela?", uma incerteza para mim já é o mesmo que ver o fio da esperança. Sou vida e não filosofo. Sou agouro das palavras, nunca palavras de agouro. Os profanadores exercem seus papéis, juras, causos, minhas essências, não julga, tampouco irá fazer causo deles.

 _ Sou vida, poesia viva. Amante heterogêneo da neutralidade caótica.

A solidão só faz medo aqueles que desconhecem pessoas.

Azul ou verde?

Simples rosa,
As cores do teu biquini,
Combina com teus olhos.

Pra mim ver,
Te cantar,
Para mim.


Humberto Fonseca