sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Poesia - Humberto Fonseca - A Fala, E O Poema



A Fala, E O Poema


Sublime são os versos,
Que me silenciaram nestes tempos,
Talvez dignificando minha paz,
Talvez infectando minhas revoltas,
Relutando com meu espírito,
Introvertendo minhas soluções,
Aclarando as sensações,
Escurecendo minhas posições.

Eis o silêncio poeta,
Ele é formidável como as ondas do mar,
Sinto a brisa do sereno,
Alvoroçar todas tuas realidades,
Para que sintas os tons naturais da beleza que não carecem maquiagem,
Ouvis a ti mesmo,
Escutas teus algozes ao longe,
Espanca-os de perto,
E coloca-os no além'inferno,
Escorraça-os templos,
Detona os sacrilégios,
Continua neste indiferente jusnaturalismo,
O direito é positivo e negativo,
Desde que não exerças razões.

Se esquecerdes os versos,
Abraça os poemas,
Te liberta das falácias,
Dos egos endeusamentos,
Nessas instâncias de saberes gloriosos,
Nada tens, nada es, nada te aproprias.

Eis que a poesia me ensina a vida,
Não sou o que escreve o poema,
Ele está interditado na vida,
É um daqueles espaços que precisam quebrar o lacre,
Invadir a área,
Esquadrinhar sua evolução,
Na temporalidade do sentido,
A fala é o simples sample'beat do caminho,
De um coração que bate a rima do destino.

Procuras a mágoa em mim,
Procurar o ódio em mim,
Procuras a raiva em mim,
Procurar o rancor em mim,
Procuras a inveja em mim,
Procurar o maligno em mim,
Procuras a ingratidão em mim,
Procurar o idílio em mim,
Procuras a falsidade em mim,
Procurar o falso em mim,
Procuras a maldade em mim,
Procurar o opróbrio em mim.

Poesia é organização,
Organizações não são poesias.

Maldito o homem,
Que cria competições internas,
Sem satisfazer-se com suas indagações,
Reconhecer as perdas,,
Entender as desistências,
Aprender todos os dias,
Aquilo que muito vale,
Como também aquilo que nada vale,
Tudo no seu tempo tem uma finalidade.

Silenciastes o poema,
Calaste algumas palavras livres,
Pelo indefinido resguardo dos tempos,
Sumariando a vida,
Com rodeios temporais,
Consciente ou raivoso,
Escutas no teu ser,
Que certas renovações,
Acontecem naturalmente.

Mesmo diante de tantos mortos,
Quais foram mesmo os tempos que não sobrevivestes.



Humberto Fonsêca

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