segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Humberto Fonsêca - Nossas Vidas




Nossas Vidas


Nossas vidas, quantas vidas, nessas vidas,
Eu vou trilhando um caminho sem guia...
A vida, batida, agonia,
Brilha voz onde raia o dia,
Então cê sente o rap? DJ, B.Boy, Graffiti?
Desconhecendo da cultura, sem atitude e limite,
O verbo é aberto, e quem quiser se irrite!
Eu vou chamando o conteúdo,
E não sou surdo e mudo...
Enquanto nêgo fala o que quer,
Querendo tramar com os manos,
Ousam bater em mulher,
O rap aqui é limpo, esse é guerreiro é de fé.
Cê vem na mão, que eu vou na mão,
Cê vem na faca que eu vou na faca,
Cê vem de revólver, mas vai ver que num mata.
Um rap evoluído, compromisso assumido,
De outros tempos, outras vidas...
Nossas vidas, quantas vidas, nessas vidas...
Eu vou trilhando um caminho sem guia.
Se não deve fazer, porquê se arrepender?
Quem sou eu de você?
Se você nem perto de mim passa,
Pensa que sou ameaça,
Homem de paz e de graça,
Simples campista dos morros,
Praiano, maloqueiro de Imbituba,
Eu sou da terra e da lua,
Do sol e do vento,
Se o escritório é na praia,
É com os manos que tem talento,
De não brilhar como a prata,
Nem reluzir feito ouro,
É das areias finas que vem o nosso embrolho,
Gretando a vida na fresta da consciência...
Nossas vidas, quantas vidas, nessas vidas...
Eu vou trilhando um caminho sem guia.
Pobre pense e repense,
Esqueça o poder da minoria,
Porque a esperança dos pequenos são gigantes,
Os rico tão morrendo, os pobre tão crescendo,
Nóis tamu vivendo, vendo, que a vida neh só veneno.
Sou da cultura regional,
Afro-índigina-nordestina,
Guara-tupi-nambás,
Da lama do mangue,
No som pela bravura,
A mistura do povo,
Suburbio digno e humano,
Em minha cordenação,
Com todas histórias de folguedos e reizados.
Nossas vidas, quantas vidas, nessas vidas,
Eu vou trihando num caminho sem guia.


Humberto Fonsêca

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