terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Poesia - Humberto Fonsêca - Muito Além de Mim



 Apresento-vos aqui amado leitor (a), uma breve poesia que vai desencadear todo um novo processo escrito, a poesia é uma estrutura verbal da qual utilizo ajuizadamente, quando realmente, meu corpo sofrega por uma novidade interior, que já vem pulsando há tempos para ser irrompida ao real, nesta comicidade poética a constante ressignificação, uma viagem as minhas antigas raízes, a instrução sendo utilizada amplamente para a simplicidade, (poesia antes de tudo, além de sua complexidade, ela deve ser feita com todo sentimento e simplicidade), eu gostaria realmente de abrir o portal sobre essa instrução que vem há tempos sendo intuída, desbaratinar a cadência desses versos,  falar como realmente penso sobre esses pensamentos e formação da composição, constituída entre vetores de silêncio e amor a arte.

 O artista deve estar sempre se reinventando e aberto as novas possibilidades, e isto é o que sempre tento trazer ao público que por aqui passa alguns breves minutos de leitura.

Muito obrigado!

Atenciosamente,
Humberto Fonsêca

Muito Além de Mim

Parte I

Através dela,
Eu vejo,
O que me silencia,
Emudece, realça,
O que atina,
Do corpo a alma,
Do coração a fala.

Através dela,
Eu me perco,
Me tenho,
Sou-me,
Um tanto mais liberto,
Dos conceituais defeitos,
Distanciando-se de julgamentos.

Através dela,
Eu encontrei aquele pedaço de paz,
Do qual havia esquecido,
Recuperando os sentidos,
Para valorizar o que nunca havia perdido,
Sendo a ponte estaiada que se refaz,
Na parte de um terço,
Em um cubo triangular,
Nossos ângulos lânguidos,
Nas arestas que apontam,
Direções de sensibilidades,
Que guiam, indicam, pacificam,
Todo estado impossível de suportar,
Com a determinação pacificadora,
Em batalhas que já se tornaram inacabáveis,
A vitória, o carinho, a paciência,
São essas nossas bases,
Simplicidades que a vida exige,
Para findar o amor.

Através dela,
Eu perco meu além,
Se foco no instante,
No agora, no hoje, no momento,
Traduzo o oculto,
Oculto o que traduzo,
Abandono as palavras vãs,
Distinguindo a métrica,
Sintetizando a poesia,
Sentindo ao invés de expressar,
Guardando ao invés de falar,
Medindo a rima que nunca silenciei,
Versando dizeres diligenciados aos saberes,
Porque a mínima distância,
Afasta o sentimento,
Do qual trabalho com a poética determinante,
Encontrando o positivismo eloquente,
De um marginal da estética poética,
Que se especializa com a mente.

Através dela,
Eu compreendi sobre o tempo
Amadureci, cresci, entendi,
Estudo o que está em mim,
Suponho o silêncio,
Como a portabilidade dos afins,
Estranho passatempo,
Essa "nova internet das coisas",
Conectando inúmeras possibilidades,
Sem equipamento algum,
Utilizando as velhas artes da humanidade,
Coração e sentimento,
Inteligência e discernimento,
Sabedoria e conhecimento,
Conduzindo ouvir ante escutar,
Sabendo que esperar,
Dependendo da guerra que estais,
É o mesmo que andar.

Através dela,
Eu entendo as tantas poesias inacabadas,
Que renascem a cada série,
Que continua um ciclo vital perseguindo a vida,
Transparecendo dádivas ao ocupar o tempo real,
Roteiro do diálogo, do irreal, do surreal,
Compactuando essa instância temporal verbal.

Através dela,
Eu posso espiritualizar,
A melhora da minha matéria,
Desocupar o juízo do intocável,
Ater-se a realidade,
Sem abandonar os sonhos,
Possibilitando vive-los,
Ao invés de explicá-los.

Através dela,
Eis a calma de cada verso,
Como poucas vezes foram por mim trabalhados.

Através dela,
Eu vejo uma frieza inquietante,
Aquilo que parece ser um amor determinante.

O medo de viver.
O eterno viver com medo,
O amar em desespero,
O querer não querendo,
O ser que não sabe onde situar,
O estar não estando,
O vai mais não vai,
O realiza ou não realiza.

Essa constante dúvida que situa as dores,
Sem notar que os momentos especiais,
Eles não são únicos,
Mais são raros, muito, muito raros.

Através dela,
Sinto a paz,
Mais em oculto,
Impregnada de tormentos,
Uma confusão de sentidos,
Transformando,
O amor, os desejos, as paixões,
Em aristocráticas ordens,
Insensibilidade cruel,
Fragilidade das tentações,
Desconcentrada do que estaria em jogo,
Joga aos ventos suas confusas ações.

Através dela,
É ser paciente,
Para saber onde a verdade se revela,
Compreender que alguns sentimentos,
Por mais belos que se demonstrem,
Não impermeabilizam os vazios,
Escusos de forças,
Derribam suas próprias arquiteturas.

Fraqueza do saber,
Fraqueza da coragem,
Fraqueza de fé.

Enamorada de soluções,
Dúvidas, problemas, questionamentos,
Nunca conquistará realizações,
Ou se realiza do que não conquista.

Através dela,
Um domínio,
Uma demonstração e poder,
Uma sutileza de traços marcáveis,
A conquista fugaz,
Uma ambição que desmorona,
Eclodindo silêncios.

Desconhecendo um valor intangível,
Fazendo do belo e  puro,
Um mero ato insignificante,
Transformando o imponente em razoável,
O intelectual em rude,
A disciplina em bagunça.

Ou esqueceu,
Ou ainda não foi capaz de sentir,
Ou por ter superioridade e conseguir fingir,
Não deu o valor merecido.

Das pessoas,
Que se conectam ao coração,
Capaz de oferecer tudo,
Sem lhe pedir nada.

Através dela,
Sei que a obra,
É para ti leitor,
Mais fora dedicado a ela.

Através dela,
Tudo poderia iniciar,
Mais acabamos por silenciar e aceitar tudo como está.

Através dela,
Vê-se apenas o fim,
O tempo finito,
O algoritmo que empaca em tipos,
Focada em limites,
Fronteiriza os largos e infindos sentimentos.

Através dela,
Nasce a alegria,
A tristeza,
E o abandono,
Recolhimento de sensações,
Esconderijo de emoções,
Apequenando o que não se traduz,
Em pequenas palavras sãs.

Através dela,
Eu vi quase acender,
E apagar minha luz.

"O calor que arde em minha essência se rebela para destruir esse ambiente frio e calculista, numerado de probabilidade e satisfações, fugindo desta morosidade consumista que valoriza as intenções, mais não paga pra ver com as emoções".

Através dela,
Eu vejo o início,
Mais não vejo o meio,
Não vejo o fim,
E vejo o término,
Compreendo a barreira que se ergueu,
Não escalar,
É a decisão correta,
De não sentir o que ganhou,
Tampouco o que não perdeu.

Através dela,
Consegui analisar muitas,
Igualíssimas,
Completamente estruturadas com as mesmas bases,
Seria os males desse tempo,
A facilidade dos encontros,
Normalidade em conquistar e abandonar,
Seria ignorância,
Estupidez,
Ou opiniões de caráter,
Solidez de sentido,
Abaixo do ego,
Acima das emoções.

Através dela,
Vejo a mulher moderna,
Que se auto intitula livre,
Entregando-se ao abandono,
Ou por não compreender,
Seria está talvez sua liberdade.

Através dela,
Vejo o feminismo,
A imponência,
A dignidade,
A felicidade,
A moralidade,
A paixão e amor próprio,
Sua companhia,
É tão importante quanto a si mesma.

Através dela,
Aprendi a cuidar muito mais,
De tudo que está em minha vida,
Bloqueando as interferências,
Reverenciando a capacidade de viver impossibilidades,
E principalmente,
Extraindo como sempre,
Leite de pedra,
Água na seca,
Alimento da fome,
Milagres em meio as dores.

Através dela,
Dignificou-se as estruturas,
Mostraram-se compatibilidades,
Elencou-se sistemas,
Igualou-se pesos e medidas,
Mais nenhuma dessas probabilidades,
Para os devaneios do coração,
Significam responsabilidade com a justiça.



Parte II


Através dele,
Sente-se a normalidade,
Como encarar as coisas,
Como elas são,
Não como sonhamos.

Através dele,
Vê-se a luta constante,
Uma naturalidade que (me é) inquietante,
Cria com a mesma eficiência,
Diante da alegria e da tristeza,
Não tem medo algum da vida,
Não teme perder,
Pois tudo que conquistou foi com uma dignidade sagrada,
Entende em seu espírito que alguma perdas,
São tão naturais quanto conquistas inconquistadas.

Através dele,
Entendo que algumas fortalezas,
Devem ser derribadas,
Algumas construções quebradas,
E as inúmeras dúvidas incendiadas,
Como também,
Algumas delas,
Devem seguir intocadas.

Através dele,
Percebo o coração,
A razão,
O intuito,
O instinto,
O estudo,
A capacidade,
A reação diante das futuras ações,
O transformar da suposição,
O coincidente resultado,
Criando assim ao seu redor diálogos dos perturbados,
Tudo isso,
Por causa,
Da falta de fé,
Da falta de coragem,
Da falta de virtude.

Através dele,
Do sofrimento dele,
Da capacidade dele,
Das dores dele,
Das reclamações dele,
Da poesia dele,
Ficaram dúvidas questionáveis,
Compreensíveis,
Que ele é muito além de mim,
Que sequer sabia o que ou quem eu era,
Que foi por causa dele,
Essa nova visão da vida,
Capaz de rasgar o corpo e espírito,
Para encarar com veracidade a realidade.

Sair do universo de sonhos,
De indignações que tumultuam as belas paragens da vida,
O meu nascimento,
Essa insurreição da oralidade,
Do poeta que se faz objeto,
Estudo das filosofias,
Entregue amarrado aos métodos,
Liberta-se das insignificantes técnicas.

Através dele,
Vejo a complexidade deste poema,
Como ama a vida,
Como se afunda nas paixões,
Como se coloca diante de uma nova tentativa,
Como se entreva no meio de infernos,
Como traz luz as trevas do racionalismo,
Que nível poeta,
Observas a baixa altitude que planas,
E não te contentas com está geografia,
Ciência que estuda a terra, a vida,
Escrita sismográfica dos sentimentos.

Através dele,
Observar tal situação,
Estar vivo e amparado,
Com alma e espírito ligados,
Na simples, frágil vida,
Suas intuições,
Suas realizações,
Suas normalidades,
Suas investidas,
Suas reclusões,
Suas codificações,
Suas insanidades,
Suas liberdades,
Suas guardas abaixadas,
Na prontidão coerente,
De modificar qualquer estado que a vida lhe impõe.

Através dele,
Sinto a vergonha,
De tantas ordens sem sentido,
De tantas regras sem validade,
De tantas normas que não são seguidas,
De tantas dúvidas que não são respondidas,
De tantas mostras de menosprezo,
De tantas insignificâncias ao ser humano,
De tantas emudecidas ao que deveriam escutar,
De tantas precauções que nunca foram seguidas,
De tantas imposições que não existem respostas.

Através dele,
Percebe-se que estamos habituados com a vida,
A ciência exige métodos,
Práticas, consultas, mesmos resultados,
Desconsiderando assim essa possibilidade,
O que enfrenta,
É frente a frente,
O romance do ódio contra o amor,
O romance do amor contra o ódio,
Esta ambivalência,
Persegue-o com algum motivo inocular,
Alguma verdade que não querem responder,
Alguma realidade que não querem apresentar,
Alguma veracidade que desejam omitir,
Algum contexto que não tem solução,
Alguma dúvida que não pode ser interpretada,
Alguma realidade que não tem mudança.

Através dele,
A poética é a ótica,
O prisma que sufoca a reclusão,
Entendo que o poeta escreve com as imagens,
O pintor com as palavras,
A arte regenera seus instintos,
Valoriza o ser ante as teorias.

Através dele,
Criou-se este leitor escritor,
Narrador mais que onisciente,
O prosador presente,
Representante insigne,
Traduzindo com um olhar capaz de transpor,
Essas significações,
Realidades conflitantes,
Colocando cada um em seu lugar,
Questionando as situações,
Ao invés do que é certo ou errado,
Pois até mesmo isso,
Até agora não lhe fora explicado.

Através dele,
Se destrói toda guerra de entendimentos,
É acusação contra perfídias,
A verdura dos tempos,
Contra as verduras dos verdes,
A constituição dos fatos,
A improvisação que contrasta,
Sendo descomplexadas nas suas provas.

É uma luta da realidade,
Que se impõe a todo imediatismo rotulante,
Confrontando não apenas as soluções óbvias,
Mais o que fizeram sê-los tão óbvios,
Naturais e insidiosos,
Desde que não sejam simplesmente questionados.

Através dele,
Vemos a importância da filosofia,
Além de ser estrutura verbal, nominal, temporal,
Metodológica, empiricista, fenomenológica,
Se coloca no meio da batalha como menosprezado irrequieto,
Com ética sem códigos,
Postulando vivência indagadora,
Sem supor as indiferenças,
Partindo dimensões e limites impostos.

Através dele,
A poesia parece ser uma simples moldura,
Pano de fundo,
Realização sensorial,
Não apresenta forma, conteúdo, privilégio,
Mais traduz os ambientes,
As circunstâncias,
Desfaz a critica com ampliação ao entendimento,
Põe-se na situação,
Para entender ação,
Descrever paixão,
Amar sem solução.

Através dele,
Têm-se o poeta,
Têm-se o filósofo,
Têm-se o cientista,
Têm-se o samurai,
Têm-se o louco,
Têm-se o sábio,
Têm-se o tolo,
Têm-se o que se deve ter,
Sem que nada dele mesmo ele tenha.

Através dele,
Essa espiritualidade desligada,
Com faculdades mentais extra'conectadas,
Supra binária,
Algorítímicada,
A distinção entre ser e poder,
Entre ter e ater,
As referências de obrigações,
E descrições,
Compõe em teses,
Assusta em antíteses,
Batalha em sínteses,
É o apurado das ênfases,
A premissa de dúvidas eloquentes,
Com harmonia e alegria assustadora,
Ao se preparar para os combates.

Através dele,
Enfio-me na complexidade narrativa,
O tato da escrita,
Ao permear esse ambiente linear,
Claro e direto,
Instituiu a terceira de uma mesma pessoa,
Poética desafiadora aos córtex cerebrais,
Concilia diversas técnicas,
Construções de linguagens,
Seria um código poético,
Uma rede neural literária,
Sistemas próprios de sua arte,
Liga macro'rítmica,
Fundação tempestuosa,
De futuro, passado e presente,
Interjeiçao positivista esclarecida,
Sem nenhuma propriedade filosófica,
Socializa os ambientes da vida.

Através dele,
Eu me atinei ao amor,
Não como uma substância,
Necessidade de prazer,
Realização carnal,
Intuição mental,
Adivinhação intelectual,
Mais ao amor natural,
Que tudo suporta,
Que pouco cobra,
Que muito deseja,
Que inesperadamente é lento, é ágil,
É acima de tudo prático,
Fiel, leal, digno,
Simples,
Capaz de suportar qualquer julgamento,
Aos duvidosos seres sem amor ao próximo.




Humberto Fonsêca













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