segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Poesia - A Última Bala - Humberto Fonsêca



A Última Bala


Vou contar a história de uns mano firmeza,
Que mesmo na maca do hospital mantém respeito e certeza,
A vida foi cruel com escolhas sem defesa,
Foi a pobreza, o sistema, a disposição, a atitude,
Vontade de ter o que muitos não possuem.

Crescidos na guerra litorânea,
Maceió sangue no zoio,
Fez do sujeito homem,
Com astúcia, malícia, habilidades \ da rua,
Cresceram vislumbrando,
Entre pratas, ouros, armas, carros, motos,
As piriguetes seminuas,
Uns pano muito loko,
As festas de loucuras.

Adolescências tensas marcadas por revoltas,
Problemas familiares só agora tem respostas,
Diante de uma realidade imutável,
Conhecendo os erros,
Pensando nos acertos,
Valorizando a vida como jamais pensaram,
A luta inicial em suas dignidades travaram.

"A vida guarda surpresas, horrores, temores, sucessos, talentos mistérios,
Valores pessoais que nunca foram defeitos, conceitos, quebradas, conhecimentos,
Oportunidade para destruir os atos mal feitos".

O crime se organiza pra nos desorganizar,
As drogas fascinam pra gente se matar,
As armas viralizam pra gente se matar,
A violência pros polícia caçar,
É o sistema político corrupto,
Que os pregos elegeram pra nos assassinar.

Quem de nós pode julgar,
Quem de nós pode apontar,       
Quem de nós pode criticar,        
Quem de nós pode discriminar.

Está na hora de crescer,
Valorizar as coisas simples,
Estudar nossas culturas,
O bem mais precioso que o homem pode ter,
Escrevo dessa cama a realidade do saber,
Do ser, estar, viver, sentir,
Que o passado pode ter fodido nossas vidas,
Mais no futuro nós vamos progredir.

Se for pra escrever mentira, nem te pedia caneta,
Me doaram alguns papéis onde escrevi essas letras,
A poesia faz mais barulho que um tiro de escopeta.

Que a humildade seja o brilho da nossa coragem,
Que os sofrimentos ensinem nos modificar essa passagem,
O aprendizado da dor nos tornará mais forte,
Caídos, erguidos, suspensos,
Na luta da vida contra a morte.

Aqui nascem letras, saberes de guerra e paz,
Com a espada do Senhor,
Defesas, sabedorias sociais,
Ensinando nossos espíritos,
Se afastar das mentes e almas más.

Está é a luta da razão contra a emoção,
Da solução contra a situação,
Do embate consciente contra o preconceito,
No rosto de cada um,
Um sentimento, um desejo,
Uma possibilidade, um receio,
Uma esperança que mesmo sem ter vindo,
De longe seu brilho no fim do túnel vejo.

O que iremos fazer com a vida,
O que a vida fará conosco,
Se Deus hoje nos testa,
É porque nascemos de novo.



Humberto Fonsêca



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Poema dedicado aos amigos que conheci no HGE - Hospital Geral Do Estado, pessoas especiais que me doaram papéis e caneta para que pudesse escrever e acabar um pouco com a ociosidade.

Muito obrigado, vocês fizeram este poema.




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