quarta-feira, 15 de maio de 2019

Literatura - Texto - O Bem, O Mal, Das Lembranças - Humberto Fonsêca





            O Bem, O Mal, Das Lembranças

   

                  Será tão insuportável recordar? Relembrar? saber o porque de alguns tempos atrás não serem mais reavivados? O que se passa entre aquilo que vivemos e o que não mais suportamos? Porque certas lembranças são como martírios inseparáveis de uma dor alimentada pelo mistério de nossas histórias e legitimidades, pois lhes demos lugar para que ainda que não desejemos as mesmas sobrevivam. O que nos faz compreender que não mais desejamos assimilar o que fizemos? Essas angustias misturada com falsidade até onde e quando vai ser suportada? Eu observo como as pessoas tem medo de seus passados, parecem que nunca viveram, santificaram-se, não sei que remédio é este capaz de apagar o tempo, nossas experiências, nossos saberes, se verdades tem que ser ditas, as mentiras estão mais que exibidas, um medo superficial de entender quais são as prioridades da vida, porque lembrar ou contemplar uma lembrança da qual não foi positiva na sua vida, mais fora marcante, é simplesmente refutada? Não existiu um dia legitimidade para que tais sentimentos estivessem guardados? Não existiu a veracidade dos acontecidos, e porque não há veracidade das lembranças, do passado? Chegamos até o dia atual sem que haja algum passado sobre nós? Somos intactos? Desmemoriáveis? Até o dia de hoje, não lembramos sequer de ontem? Como compreender e explicitar que as pessoas estão carregadas de mágoas, de ódios, de solidões acompanhadas, "pois elas não largam tais sentimentos, tampouco sobrevivem sem eles, aprisionam esses tempos, na esperança de dominar que os fez acontecer", entender como as circunstâncias da vida acontece é uma transformação excitante, e simplesmente mesmo após anos, ainda vê-se essa falta de tesão em entender que nem tudo é pra sempre, nem todos são passageiros, que as nossas atitudes mudam com o tempo, que nossos conhecimentos estão em constate transformação, que as nossas dores devem ser supridas por este presente do qual tanto lutamos para modificar o que aconteceu no passado,


                 É como se estivéssemos produzindo vazios, vagas, espaços, dimensões, campos abandonados, casas desabitadas, corações quebrados, mentes ocas, olhos vagando, razões que se dispersam, pensamentos que se perdem... Simplesmente, falta vida nesta composição da qual vocês tanto lutam para me dizer que é boa, falta harmonia, embalo, ritmo, baseada num sistema de perseguição, olhamento, encantamento, seguidores, vigilância, qual vigilância constrói conhecimento? Qual perseguição induz a criatividade? Que repressão mais insuportável de se ver, pois se vive naturalmente.


                Se suportam nessa condição como se a obrigatoriedade fosse uma invenção do novo mundo, e resguardam a vigilância como uma interatividade capaz de trazer bons resultados, Como culpar pessoas que parecem já terem nascidos com culpa? Escravos de si mesmo, sequer conseguirão sentir o dia que estiverem sendo escravizados.


Humberto Fonsêca

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