quinta-feira, 23 de maio de 2013

Poesia: "Facada" - Humberto Fonseca



Facada

Tempo fosse...
Fosse me levando sem apresentar,
Com beiras do que não é estrada,
Fez-me rodar, círculos voltantes,
Quero enquadrar-te...

A luz que não me aquece, reluz,
Brilha para um novo ensaio,
Aglutinando-me bolhas palavriadas,
Gloriando o homem fraco...

Meu bem,
Meu-seu-em-vai-e-vem.

Como dizer isso,
Sem querer não me afogar,
Jogar-me logo nestas tuas correntezas,
Que parece mansas,
Mas se do contrário fosse não pularia.

Desejo escrever o tamanho do mundo,
Para deporta você em minha casa,
Declarar em juízo,
Confessar tudo-todo-de-meu...

Corpo cansado,
Que anda a fora em busca,
De um palacete,
Amarelo, cor de ouro...

Só para por em teus dedos,
Em desejar veementemente,
Fervoroso, recíproco,
Sem temor ao queimar...

Onde oceanos encontram-se,
Calam ao encontro,
E deixam as águas rolarem...

Tens a frente um coração virtuoso,
Não tão puro quanto o da criança,
Mas posso dar-te um lugar para que brinque.

Eu escrevo,
Faço viagens,
Te pego em meus braços...
(Adormeço levemente),
Só de pensar em um dia visitar tua sala.

De ter conversas,
Te dizer tantos versos,
Descarregar milhares de idéias,
Nossas que não disse...

O quanto tem feito por mim,
Esse pouco me deixa estático,
Em repouso,
Buscando colidir mais cedo,
Tarde não...

Tudo é tão novo,
Infatigável,
Presunçoso...

Sorrir não é bom,
Com tanta distância,
Em meio de tudo e o nada,
No começo intocável.

Como polpa,
Cheia, carnuda,
Sempre incessante,
Assíduo...

Só tens qualidades,
Desta boca p'ra fora,
Peito p'ra dentro,
Quero sempre poder dizer assim,
O tamanho do meu querer...

Ei-de fazer errar o exato,
Ele não conhece a ti,
Se fosse em teu encontro,
Perderia os cálculos.

A sobra de mim é muito,
Faz apenas o domar.

Deixe o homem feito bobalhão,
Ele precisa de um feito novo,
Cair no desaguar...

De teu lido,
Quem sabe um erudito,
Escritor dor dizer.

Compreende o pequeno,
Visitante de lagunas,
Ao imergir a sua busca...

Todo desmedido,
Em fundamento,
Sob teu teto,
O teu gosto,
Fora do meu paladar,
Faz me querer...

Rodante,
Buscando retroceder,
Esse meu falante silêncio.

Resbucando os trapos,
Um racional em desdém,
Trajando vestiários passados,
Querendo novas roupas para o futuro.

Sendo profeta,
Com uma alma sem gêmia,
Desgarrado,
Quero dormir,
Apoderando-se do teu corpo.

Olha a espécie,
Tresmalhado,
Ferruginosa,
Em finca-pé,
De aço torto.

Rijamente me prego,
Nesses adjetvos,
Totalmente calinoso,
Estimado em realismo,
Da vida que descobre-se...

Que ao novo dia,
Sua intimidade vem,
Acalenta minha pele,
Calça meus pés,
Dita o superficial,
Minúcia que fala...

Depois em crescimento,
Gira toda iminente,
Minhas garras faladas,
Querendo te pegar,
Na séria virtude,
Corrente agora,
Joga-se querendo um passeio.

A tortura ocupa,
Sem maus-tratos,
Tendo meu sinonimizar,
Em notas caladas.

No ouvir,
De ouvires,
Alma'dentre vida.

Minha botoeira,
Vestida em risos,
Solando conviver.

Querer sem abster-se,
Difusão de um abraço,
Ficar dias e horas,
No bico de teu seio.

Quando beijar,
Irei me perder,
Encontrando a fome,
Matando-a para repitir...

O gesto... É gosto...
De ser crucial.

Em todo esse meu abstrato,
O colorido enfada-se,
Se mistura em abreviado romantismo.

Sem ser ufano,
Amortecido,
Contra e revirado,
Em seu nome.

Olha que chega,
Chega ser nocivo,
Mas revigora,
Buscando ser,
Indolente nunca.

Ler em voz,
Declarar a mistura,
Saltar as parábulas,
Exprimir...

Sem variar,
É viveza,
Importância,
Amoleto mental.

O original,
De outras origens,
Curador solvei.

Quando a vida pega outra existência,
E um dia faz-se arrastar,
O peso encontrou seu pêndulo,
A seriedade limita-se,
Gravando feitos...

Disfunções,
Coágulos,
Mente turva,
Em grados,
Na importância,
Do valor de uma mulher.

Afligir a chaga,
Ser taludo,
Desembocado,
A mercê,
Despedaçar,
Estando fora do grau,
Do pressentimento.

Daqueles que não quero ir embora,
Indultar a pessoa que prostra,
Em compaixão de ter próximo,
Os esquecidos por ventura,
Deixados sob confusões,
Nos calos apertados do dias,
Soltar meus passos,
Descançar minhas pernas,
Soltar meus passos,
Descançar o meu sufoco.

Deita e esquece-te,
A paz te chama,
O sono calibra,
Minha deitada solidão.

Corra pelo vento,
Suma deste solo...

Dê-me o trabalho,
Compartilhe sua missão,
Faça de mim instrumento,
Use sem que me descanse,
A fadiga é...

Causada por estar daqui,
Pensando em como ir,
Se fico ou puxo meu carro...

Em alguns milhões,
De estrelas,
Em várias estrófes,
Deixo todo meu afeto,
E calo o pecado...

Quero trabalho,
Começar um novo feito,
Masterizar esse som novo,
Atribuir aos meus instrumentos,
Esses teus toques.

Compara,
Quebra-me,
Refaz-te em mim,
Genuínamente,
"Dona das Folhas".

Como sagrar,
Sob erros que me calam,
Aos acertos que me comprometem,
A magia sem mágica,
Que não vem de truques.

Toma o vosso lugar,
Sinta-se bem,
Com todo o meu melhor.

Ofereço,
Dou, e farei ainda mais,
É o querer que me leva...

Sabes todo o valor,
E que as moedas estão juntas,
Essas não tem cara,
Sem que existam coroas,
É nossa pele no frio,
Entre bolsos vázios,
Sobre um desejo valioso.

Amizade contudente,
Besteiras que nos unem,
Verdades que batemos,
Reclamações para o bem,
Você me comporta,
E toma sem ter receio,
Por saber que é existente.

Toda longitude,
Várias noites em caladas,
O vento que espera,
A esperança das novas causas...

Cai na minha armadilha,
E despreocupe-se,
Só quero o que é meu,
Mas está com você.

"Se algemou teu coração",
Tenho que prender minha vida,
Libertar-te para que sejas livre,
Finalmente ao meu lado.

Eu sofro com tudo isso,
Pode ser amor?
Dizem que ele doe...

Mas tem poder de unir,
Acabar coisas velhas,
Varrer a estrada suja,
E guarda-se em silêncio...

Disseram-me que o amor é bom,
Alivia a alma,
Cura a mente,
Transmite segredo,
Quando olha pra gente.

Místerios cruzantes,
Saudade que se passa,
Seriedade calada,
Aviso falante,
Entre ligações,
Nos turbilhos de versos.

Minha vida,
E um coração louco,
Desfecha...

Sem armas,
Minucioso,
Obdiente.

Vivente,
Entre as pedreiras,
Quebrado,
De implosões,
Marcado pelo fenômeno.

Em reflexão,
Penitencia,
O seu labor,
Fica quite.

Pensando nela,
Em mim,
Sobre nós.

Cala-se,
Aquieta-se,
Ficando feliz...

Faz provocar,
Como feito,
Em ascensão.

Folhas limpas,
Dedos sujos,
Sentimentos puros,
A pena não risca,
É tudo muito valioso,
Quero apreciar...

Se for em dias ou noites,
Quero lentamente,
Construir a vida.

Pobre menino,
Sonhador e dorminhoco,
Sem temperamento,
Afinado nos verbos...

Em inspiração,
Denotativo,
Comissionado...

Filho humilde,
Rapaz pequeno,
Homem grande,
Velho em seus compromissos...

Tomo a verdade,
Bebo-a em cálice,
Gota-a-gota,
Em arrabaldes...

É sua,
A rua,
O falar,
Em sentir,
Politizar o peri-latim.

Mordisco,
Meu crime,
No feito do uivo.

Selvagem,
Vivente em relva,
Mamanga, lava-pratos.

Assim espira,
A espada,
Quebrando a cruz...

Crivado em facho,
A base da composição,
Sou resoluto de voz.

Todas as pedras,
Jogo escondido,
Sou o fautor,
Em fato próprio,
Agito a festa,
Digo os meus barulhos.

Solta-te,
Desgarra para mim,
Virtuosa...

Um contato,
Entre dois universos,
Dentro deste mundo...

Pede a mim,
Sem rogar,
Por toda minha,
Cumplicidade esteriotipa.

A carne,
Em volúpia,
Quer o deleite...

Em vida tranquila,
O sossego uniforme,
A paz casual,
Do poema feito,
Em lábios sedentos...

Ausência,
Calor,
Sede,
Afeição,
Idílio,
Cobiça,
Intuíto,
Anseio,
Dor.

Coragem,
Graça,
Índole.

Deleita,
Aprazível,
Moça,
Calar,
Ver,
Tocar.

Solúvel,
Haste,
Letras,
Passos.

Búrburinhos,
No meu ouvido,
Feito dos dizeres,
Olhares cego,
Que tu saberes...

Da minha força,
Em teu impacto,
Olhar de cima abaixo,
E contiver.

Modero as falas,
Um dia nesses ouvidos,
Que não te falei ainda,
Onde a saudade habita,
Por querer ouvir-te...

Sabes,
Como vivo compactado,
Em erosão lenta,
Ainda calmo na tensidão...
Procuro ver,
Sem que caia,
Ou deixe a bola murcha.

A ilusão,
Não é presente na minha vida,
Confio em tudo que sinto,
Na seca ou fartura,
Mesmo que o coração,
Tome uma facada.



Humberto Fonseca

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