domingo, 10 de janeiro de 2016

Sem Mais Tempo - Poesia: Humberto Fonsêca

 
 
 
Sem Mais Tempo...
 

Para dizer o que sinto,
Para dizer o que preciso,
Para dizer o que consigo,
Para dizer meus instintos,
Para dizer meus recintos.

 As novidades esquecidas embasam todo um conceito disfuncional sobre a minha gramática embasbacada de promessas seculares ante as almas que se fazem presentes estando completamente esquecidas. Vazias. Emolduradas de sorrisos, quase engraçados, quase verdadeiros, quase alegres. A falsidade moral e ideológica não mais predomina, meu coração reconhece a verdadeira sabedoria e compaixão, mesmo não tentando crer nelas como fontes que podem ser as mais possíveis donas da revolução pessoal, não posso se entreter ao meio de tantas capacidades absolutas de erros, sentindo-se e mostrando-se superiores. Superiores de que nós somos? De quem? De quais? Possivelmente os interiores estão cheios de avarias e completamente esquecidos de si mesmos. Como pessoas estamos muito longe de qualquer perfeição. Como pessoas estamos completamente longe da verdadeira liberdade. Como pessoas estamos completamente descabidos e entregues a todo meio de entretenimento. Como pessoas depositamos em nosso egoísmo uma mudança visível, mas que na prática continua sendo prática. Como pessoas somos falhas reais e sem questão de observar provas sobre os fatos, consentimos em se entregar na mesmice honorária.

Levado ao tempo,
Meus olhos,
Tórridos de realidade,
Engano meu próprio ser,
Engano minhas própria mentiras,
Para estar ligado com meu interior.

 Solicitude aos possíveis conhecidos, e silêncio aos já mascarados nessa estrada, que caminha tortuosa sobre nossos pés, que mesmo parada suporta todo peso de nosso corpo sem reclamar uma dádiva, sem que tenha na poeira uma lágrima, sem que em seus espaços esteja enfadada, a vida se repete vida e repleta de conhecimento, de inteligências, sabedorias, negociatas, festas enganosas, encontros refutados de superficialidades, abraços inseguros, paixões sem nenhum estímulo, e as possíveis máscaras caindo uma após outra, seguidamente, sem dó nem piedade de nossa espécie que parece adormecer nos estados sem sentidos das escolhas quase certas quase erradas.

Poesia, meu alimento,
Força desbravadora,
Nunca abandones,
Este corpo teso,
Conhecimento meigo,
Nos sofrimentos verdadeiros.

 Como queria não ter esperança. Como queria não ter coragem. Como queria não conhecer a verdade. Como queria poder abandonar tudo e todos. Como queria não ser nada. Como queria estar simplesmente longe de enganações. Esperava ser mais fraco, mais covarde e muito medroso, mais meu temor em ser alguma dessas referências me faz andar de frente ao caos e enfrentar os inimigos. Minha vergonha de fraquejar me ergue todos os dias para suportar uma vergonha qualquer para enfrentar essas desigualdades. O preconceito exterior não será capaz de fazer com que abaixe minha cabeça e esqueça os meus sentimentos, estas pragmáticas situações adversas só me fazem crescer pessoalmente, e não apenas enxergar que evolui, mas simplesmente, esqueci dos fracos e me comporto dentro das expectativas como homem que veio para está terra afim de batalhas infindáveis contra estes falsos pensadores, falsos sacerdotes, falsos deuses, e tantos outros mistérios tecnológicos que simplesmente nunca poderão sentir a realização humana.

Nessa eras e redes,
De imensuráveis compartilhamentos,
Detalho os pensamentos,
Nas estrofes do silêncio,
O remédio dos meus tempos,.
Nas guerras dos meus conceitos.

 A batalha espiritual e constante, é direta, sem freios, a todo momento. A escassez de pessoas originais no saber e no fazer, e principalmente no dizer. Os instantes que parecem ser dias. Os dias que se tornam intermináveis. A guerra diária que se amplia para toda vida e com todas as formas e certeza, os lugares mais sóbrios e inóspitos para que eu reconheça em meus defeitos o quanto sou perfeito em conseguir sobreviver com meus defeitos. Perfeito, não é apenas algo impecável, mas também uma tradução de algum trabalho ou técnica que se exerce todos os dias afim de ter em mãos não apenas uma tarefa, mas uma maneira única de fazer algo que todos podem praticar.

A banda debandada,
Em pequena larga escala,
Diafragma de pensamentos,
Nas conexões sofridas,
Sem objetivo algum,
De sentir enganações.

 Pois praticar o bem, ser honesto, buscar felicidade, e não se entregar ao crime ou aos delitos de alguns seres exigem que possamos exigir para eles também que estejam, sem mais tempo. Sem mais clérigos, bancadas, festividades, falsos amores e grandes covardes.

Em dias de paz,
Eu reconheço a guerra,
Os heróis vencidos,
Os bandidos perdidos,
As mulheres solitárias,
Nestas oculares palavras.

 Sem mais tempo, aos corruptos. Sem mais tempo aos drogados homicidas. Sem mais tempo aos rascunhadores de destino. Sem mais tempo para se preocupar com as ações dos outros. Sem mais tempo para escolher amigos, amores, famílias. Sem mais tempo para se perder. Sem mais tempo para se achar. Sem mais tempo para ter, evoluir, empreender. Sem mais tempo... Sem mais...

Pois todo tempo do mundo,
Nos foi dado sem ambição,
Para que tenhamos tempo,
De concluir nossas palavras,
Em invariáveis destinos,
Nos aguerridos caminhos.

Espaços aclamados,
Corações esvaziados,
Olhares semi'baixos,
Longe dos desvarios,
As sensações de continuar com a lutas,
Em todo e qualquer sofrimento.

 Sem mais tempo para sangrar. Sem mais tempo para sofrer. Sem mais tempo para preocupar. Sem mais tempo para tecer mistérios. Sem mais tempo para se ter em casos mesquinhos. Sem mais tempo para acomodar. Sem mais tempo para deixar de se satisfazer. Sem mais tempo para calar. Sem mais tempo para esquecer de mim mesmo... Sem mais tempo para deixar de viver quem sou... Sem mais tempo para conhecer todos os tempos.

Humberto Fonsêca

 

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