domingo, 21 de fevereiro de 2016

Maceió é Morma'Aço - Poesia: Humberto Fonsêca



Este poema, é uma analise crítica dos atuais tempos da cidade Maceió - Alagoas, nordeste brasileiro do qual é minha terra natal, mas que vem há anos sofrendo pela grande violência urbana que assola diversas cidades brasileiras. Tento mostrar o povo alagoano e algumas de suas vertentes artísticas, citando nome de grandes artistas que colaboraram para uma visão bela e inteligente, e que antes do meu povo viver este estado  de agonia, as artes sempre fora um dos grandes argumentos contra a brutalidade atual.

Beijos Alagoas!
Meu povo merece paz!

Humberto Fonseca




Maceió é Morma'Aço


Até em sonhos,
Alagoanos,
Chovem balas.

...

Graciliano Ramos,
Que além de Vidas Secas
Vê sua leitura,
Ser bairro de violência.

Onde Jorge de Lima,
Um de nossos grandes poetas,
Mostra-nos ser autêntico modernista,
Tem casa,
Mas não habita.

 
José Lins do Rêgo,
Queria novamente ver, criar,
Sonhar com a possibilidade,
De ser Menino de Engenho,
Doidinho,
Não ver seu povo,
No mais árido e cruel,
Fogo Morto.

 
Vejam como anda as coisas,
Em União Dos Palmares,
O grito da liberdade,
É desunião.


Vejo que o grande,
Aurélio Buarque de Holanda,
Depois de tantos dicionários,
Chegou a triste conclusão,
De não ter mais palavras.

Por onde anda Zumbi,
Pra esfregar os jornais na cara dos Collor,
Levantar o Suruagy pelas orelhas,
Enfiar uns tapas no Calheiros,
Quem sabe Zagallo grita pra eles,
"Vocês vão ter que me engolir",
Filma isso Cacá Diegues,
Repassando pra família Teotônio,
Onde Floriano e Deodoro,
Pode ser um dos meus Fonsêcas,
Rasgando com Nelson da Rabeca,
Théo Brandão não tem medicina nem folclore pra esses temores?
Pierre Chalita com seu calor pela carne,
Correndo nas pernas da Marta,
Pra tapar a boca do Márcio Canuto,
Acabar os programas de Jeferson Moraes,
Relembrar a voz do Gonça Gonçalves...


_ Tomaaaaaa bandido! Castigo, pancada, pau nas pernas, pau no pescoço, pau na cara... No lombo, nas orelhas... Dá uma descarga neeeele!!!!

Acho que era assim,
Desde a minha infância vi essas nuances de castigo,
De pancada, de tiros, lapadas, facadas,
Onde a paz virou milagre,
E a rotina é violência.


Ah Djavan,
Só suas músicas pra nos acalmar,
Aliviar as tormentas.

Nosso "Oceano" vive em "Esquinas".
Mas comigo, não tem essa de...
Maceió, minha sereia,
Mergulhar num azul piscina,
Por onde anda meu povo,
Que antigamente era tão moderno, criativo,
Entusiasta de outros povos.


O alagoano hoje,
Não teme a seca,
Não teme a fome,
Não teme mais a desnutrição.
Mas morre, e vive,
Com medo da violência,
Que antes era feudal,
Depois regional,
Mas agora...


Já não se vê mais notícias,
Só temos sangue,
É um tanto quanto real,
Esqueçamos a brutalidade,
Ignorância, não façamos indignações,
Sigamos o passado,
Fazendo arte, pois...

 
Até em sonhos,
Alagoanos,
Chovem balas.

.
Humberto Fonseca
 

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