segunda-feira, 20 de maio de 2019

Poesia - Literatura - Minha Resistência Viva - Humberto Fonsêca





Minha Resistência Viva

Mandaram uma mandala, Com as palavras de Mandela, Malala, A mesma, tinha formato de bala. Aos cruéis fatos sofridos por Maria da Penha e tantas outras, Nos entraves de uma violenta América Latina, Onde a brutalidade patriarcal, Enraizou os feitos explicados pela justiça, Com uma imoralidade em prudência, Vemos a diversidade do sangue africano, Onde reluz a consciente insistência, De resistir até os dias atuais, Como se fosse ainda o início da mesma guerra, Que por dias, horas, minutos, parecem diferentes, Sendo a mesma que por todos os tempos impera... Violência psicológica, estupros nos metrôs, silenciando empoderamentos, Não são mais causas feministas, são pessoais. Por saber que a pior das prisões, É o preconceito que não liberta tua mente, Pois, se tu libertares o que sentes, Viverás em meus conflitos, Onde cor ou manifestação alguma, Coloriu o luto das lutas, Com efeitos colaterais pela liberdade. O que as políticas institucionais, públicas e privadas, me negam, Meus olhares, cabelos, vestes, atitudes e etnias, Reproduzem nas essências das éticas, Uma revolta consciente, consistente, operante. Tu queres que inicie com números, dados ou gráficos? Sobre violência, homofobia, descaso social? Não vou minorizar minha gente, meu povo, minha origem, Minhas lutas de classes já bem dizem, Somos minorias. Do tardio crescimento provocado pelas globalizações, Crescemos usurpando heranças do neocolonialismo, Mostrando o país de todas as raças com preconceitos internos, Onde esqueceram os negros, Investiram maciço nos imigrantes, Onde depois das guerras, as maiores invenções do século dezenove, Foram as higienizações que criaram as favelas, País escravista de monarcas imperialistas, Leis de reis, do ventre, sexagenários, áurea, Batalhas sociais pelas tais cotas, Quanta liberdade idealizada, Se até mesmo o Almirante Negro, Apanhou suas chibatadas. I have a dream, Sim, nós temos um sonho, vários, milhares, incontáveis, Nestas savanas ideológicas, Onde a luta do mais forte contra o mais fraco, Mostra a importância dos temidos quilombos, Na estética dos palmares de Maria Mariá. Apartheid brasileiro, Ditaduresco, político, repressivo, Segregação racial, cultural, intelectual. Quem representa o olhar da menina e seus versos, Não sou eu, você, A poesia que te conta ou a causa que ela exerce, Da qual trouxeram uns até ali, outros até ali, alguns até lá, Podemos ter a certeza de quando começou, Mas não saberemos nunca quando vai acabar.

Humberto Fonseca

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