terça-feira, 24 de novembro de 2015

Através da Força - Poesia: Humberto Fonsêca

 
Através da Força
 
 
Eu luto com minhas dores em batalhas poderosas,
As vezes contra o destino,
as vezes contra o inimigo,
as vezes contra o impossível.
 
Sempre contra mim, a favor de todos,
Sabendo sempre, que o vencedor não só deve lutar com a coragem,
Mas sempre em busca da verdade.
 
O homem transita em todos os espaços,
Pensa em viver fora de orbita, estria louco de seus pensamentos?
Esquece dia após dia a amplitude que é seu coração...
 
Nesta matrix de movimentos,
Através da força eu vejo músculos de pensamentos,
Enrijeço-me sobre todas circunstâncias,
Eu sobrevivi, através da força.
Resistência, ódio, amor, solidão, devaneios lúcidos,
A cidade que me toma conta,
Construiu no seu prazer a morte do meu viver,
Reabilitei o meu instinto, o meu sentido, o meu estado natural,
Eu que limpo os ares, molho a terra, o concreto,
Doei rios e recebi esgotos, doei fauna e flora,
Me restituíram com desertos, prédios, viadutos, pontes sem sentidos,
Totalmente destrutíveis na saudade de meus entes,
Meus plantios de frutas, flores, ervas medicinais,
Restou escalpo, pedaços vazios da minha melhor beleza...
 
Eis a cobrança. o preço, o pagamento,
Um futuro incerto do qual sabemos,
É o cabimento do descabimento,
Da falta de competência, ciência pela incompetência,
Desnaturalizando tudo que um dia já podemos ter chamado de vida.
 
Entrelinhas, tu me vês, finge, cega, e não me tocas,
Perde-se entre todos os rumores destes passos apressados,
Olhas em rostos perdidos, nem se encontra, nem me encontra,
Sou ferrugem, fel do óxido, rumor do carbono,
Assim é minha natureza, destrutiva, construtiva,
Imperando todos impulsos para sobreviver,
Através da força, naturalmente.
 
Estou em teu corpo, na tua sede, no teu sentimento áspero,
Sobre a falta de sensibilidade, sobre a falta de tudo que não lhe falta,
Eu sou a natureza, devassa, bela, genial, incorruptível,
Intangível na hora da revolta arregaçando os espíritos podres da face da terra,
Simplesmente, puramente, com todo meu poder,
Sem dó nem piedade, através da força.
 
 
 
Humberto Fonseca

domingo, 22 de novembro de 2015

O Poeta Quer Falar - IX - Poesia: Humberto Fonsêca


O Poeta Quer Falar - IX

Graffiti - Rica de Lucca
 

O poeta quer falar;
Sem estética, na tática métrica,
Simbiose'ando,
Os efeitos dos dilemas,
Nas abstrações dos problemas.

O poeta quer falar;
Deste convite ao lugar,
Do caos no sol,
Rarefeito perfeito,
Sobre as secagens do tempo,
Mascando a ultravioleta do olhar.

O poeta quer falar;
Não do progresso,
Nem do sucesso,
Tampouco de seu regresso,
Desmascarando rupturas,
Simbologias, codificações.
Quebrando os tablados das alianças alheias,
Sobre as rajadas da palavras seminuas.

O poeta quer falar;
Deste mistério que é o egocentrismo,
Deste espetáculo que é a falta de empecilho,
Desta covardia que é a covardia sem sentido,
Desta falta de caráter que faz mascarar os perdidos,
Desta mesquinhas malditas vozes em círculos.

O poeta quer falar;
Na sua memorável trajetória,
Apunhalado pelas histórias,
Focado na concentração,
Nunca nas vitórias,
Sobre cada verso vivo e falado,
Dos causos que não foram esquecidos,
Tampouco apagados,
Pois diante de tanta filosofia de vida,
O que falta é o filósofo pensado.

O poeta quer falar;
Da maldição do ócio,
Na falta recreativa,
Obstina-se ao sensacionalismo,
Perdem-se na moda, no engano, na superficialidade,
Engajam-se nas trapaças, nas trocas, nas farsas,
Como se a vida de guerreiros estivessem em barracas sociológicas.

O poeta quer falar;
Que eles desejam entender,
O que nunca vão viver,
Que eles desejam saber,
O que não querem aprender,
O que não vão reconhecer,
Que desejam opinar o que nunca deveria ser questionado,
Que são malfadados por natureza,
Inescrupulosos por sapiência,
Obstinados contra a arte,
Enclausurados nos falsos juízos,
Diamantados de preciosos prejuízos,
Esvaziados de erros-errôneos-errados.

O poeta quer falar;
Desta funcionalidade obscura,
Desta saúde sem cura,
Nos olhares maliciosos,
Ambiciosos de tudo que pode e não pode,
Sorrateiros da sorte,
Soslaios dos capotes,
Caídos no chão da própria morte.

O poeta quer falar;
Deste silêncio prensado,
Dessas falas caladas,
Destes planos sem sentidos,
Destas iluminações sem cores,
Nas mais insalubres situações,
Percorrendo caminhos de fugas,
Sem lutar, procriar, insistir,
Criando a maldita covardia,
Em retranca retórica,
Dos viés sem avessos.

O poeta quer falar;
Que não se enganem amigos,
Eis o passadiço,
Os arcabouços, calabouços,
As pontes,
Grades, grilhões,
Falsas condenações,
Pois fomos liberto,
Por crer, servir e acreditar,
Que nossa revolta natural,
É a instância,
Nessa busca pelo respeito as leis,
As nossas próprias leis,
Quem for podre que se quebre,
Se foi pelo tempo,
Ou por mal sustento.

O poeta quer falar;
Que não vai se condicionar,
Não vai apadrinhar,
Tampouco ser apadrinhado,
Muito menos afilhado, afiliado,
Esculacho de partidários,
Escrúpulo de faccionados,
De qualquer que seja,
Quem quer que esteja,
Em algum momento,
Lutando contra sua contra-cultura,
Hoje, amanhã, depois...

O poeta quer falar;
Que sua mensagem,
Não é viagem,
Não é passagem,
Não é coragem,
Não é verdade,
Não é falsidade,
Não é nada do que pensam,
E muito mais do que pensam,
Sem contar que sua sabedoria,
Foi procriada ao meio de indiferenças.

O poeta quer falar;
Fazer compreender, entender, questionar...

Pois o poeta sabe,
Que ser poeta,
É não ter nada pra falar.

Mesmo assim,
O poeta quer falar.


Humberto Fonseca

 

Ser Poeta - Poesia: Humberto Fonsêca


 
















"Ser Poeta"



Que profissão,
Que destino,
Que amargura,...

Quais vitórias,
Quantos tropeços,
Quase nenhum sucesso...
Quantos questionamentos,
Sociais, políticos, educacionais, familiares,
Quantas mascaras feitas, refeitas, desmascaradas,
Quantos sentimentos, sentidos, realidades,
Quantos sonhos, ambições, realizações,
Quantas paixões, amores,
Quantas decepções, desavenças,
Quantos entendimentos, sociologias,
Quantos estudos, técnicas, aprendizagens,
Quantos cursos que não tiveram nenhum curso,
Além da palavra, dos objetivos, dos instintos...

Quanto me pagam pra ser poeta,
Quanto me deram pra ser poeta,
Quantos fizeram por mim algo que me fizessem poeta...

Quantos martírios,
Quantas lágrimas,
Quantas solidões,
Quantos perdões,
Quantas brigas...

Terei eu ainda pra suportar,
Pra sustentar,
Que não sinto ferida ou dor alguma,
Para seguir adiante das desavenças,
Nesta obscura profissão,
De ser poeta.




 Humberto Fonsêca

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Retrospectiva - Verbos Curtos - Projeto Musical de Literatura Poético : Humberto Fonseca & MaicknucleaR

 
Vou tentar fazer uma retrospectiva com algumas poesias e textos no blog... "Mesmo sabendo que ninguém passa por aqui pra ler e conferir os mesmos..rsrs
 
A poesia e a música sempre foram as minhas armas para enfrentar todo esse caos social e político do qual estamos vivenciando, e por incrível que pareça cada dia mais próximos, as vezes me perco nas escritas do blog ao tentar escrever uma linguagem mais formatada, uma poesia diria que quase "estilista", não confunda com "elitista", pois uso o blog como um filtro difusor do que componho, e dificilmente apresento por aqui a essência de minha poesia, mas suas bases, características, algumas influências, sempre busco ocupar esse espaço da web com algo que acho inovador de minhas escritas, e que podem não serem muito bem recebido pelo público, mas é essa ideia, até porque quem gosta de agradar são os cínicos, me pauto em colocar a poesia em questão, e dificultar a introdução do leitor com o entendimento da mesma, pois como artista vindo da periferia, e conhecer diversos autores, não tenho como difundir este tipo de escrita no meio dos mesmos, pois a vida que pede socorro não deseja se fundir em questões de entendimentos poéticos, visa a ação, a comparação, o protesto, a indignação, a proposta do suburbano e questões subdivididas acabam por negligenciar as verdadeiras funções dos escritores nos palcos das periferias. Não quero colocar aqui nada como crítica, mas como a opinião de quem conhece as periferias e suas artes, seus artistas, e principalmente em como se portar diante e dentro dela, e consequentemente entendendo a falta de interação com os modelos literários e até mesmo a função da literatura. Da qual temos por sinal uma literatura de reação dentro das periferias, surgindo como fonte de proposta com foco na leitura para o fortalecimento das culturas. Concluo, que minha poesia, não é diferenciada, nem especial, nem culta, nem periférica, mas que além de unir meus ódios, anseios, indignações, e propostas sociais, eu coloco acima de tudo o que eu cultuo como cultura e educação de vida do momento, que faço cada recorte da poesia com sensibilidade e naturalidade para exercer minha principal função no blog, simplesmente lhes mostrar minha capacidade como escritor. 
 
 

MacknucleaR - Humberto Fonseca
 
Começo essa retrospectiva com um projeto musical experimental que foi criado em meados de 2009 com meu mano de letras MaicknucleaR, Verbos Curtos era um espetáculo de músicas autorais com poesia falada da qual apresentávamos em diversos espaços culturais e muitas intervenções urbanas na cidade de São Paulo. Após a fundação do "CICAS" (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social), da qual a gravação abaixo é realizada na biblioteca do espaço, nós como escritores do espaço precisávamos exibir as propostas do espaço cultural, conhecer outras pessoas, meio que fazer o marketing de inclusão com outros artistas para angariar o apoio voluntariado, do qual com essa ideia podíamos assim atingir em cheio esse público e ter como atitude a respectiva presença desses artistas para conhecerem o CICAS e assim fortalecer as propostas do espaço cultural na cidade.  Como artistas e poetas, ativistas sociais, difundíamos completamente a nossa essência e capacidade de interatividade para angariar novas amizades e diferentes coletivos, intervenções, apresentações teatrais, shows com bandas, entre outras atividades para o espaço do qual você pode conhecer um pouco mais em: https://www.facebook.com/projeto.cicas?fref=ts
 
Agora, se quiser conhecer um pouquinho do meu trabalho com música e poesia, intervenção artística com meu mano MaicknucleaR, é só da o play e curtir um pouco dessa performance do Verbos Curtos
 
- Verbos Curtos - Humberto Fonseca & MaicknucleaR - 2009 - CICAS -